segunda-feira, 19 de setembro de 2011

SORVETE, TENTADOR E REVOLUCIONÁRIO

Sorvete no Copinho

A origem do sorvete ainda gera algumas discussões. A maioria dos estudos sobre o assunto relata que ele foi “inventado” na China há mais de 3 mil anos. Era uma pasta de leite de arroz misturado à neve, mais parecendo as nossas raspadinhas. Na Roma antiga, ele já servia ao paladar dos mais abastados. O imperador Nero mandava seus escravos às montanhas em busca de neve. Eles voltavam correndo para dar tempo de usá-la para congelar o mel misturado a polpa de frutas.
Mas o grande boom do sorvete na Europa veio junto com o do macarrão, quando, no século 13, o viajante Marco Polo trouxe diversas novidades do Oriente. Entre elas, uma mistura de água, gelo e frutas, muito parecida com os atuais sorbets. Os sorvetes cremosos, à base de leite e com sabores variados, surgiram por volta do ano 1600. O rei Carlos I, da Inglaterra, mantinha guardada a sete chaves a receita de seu crème ice (que quer dizer “creme de gelo”, como o ice cream, em inglês), que o cozinheiro do palácio acabou divulgando somente após a morte do monarca. Estava inaugurada uma nova era do sorvete na Europa, que foi sendo cada vez mais elaborado na França do século 18. A moda chegou ao outro lado do Atlântico, e dizem que o ex-presidente americano Thomas Jefferson tinha sua própria receita de baunilha – até hoje um dos sabores mais populares do mundo. Já George Washington teria pago quase 200 dólares (uma fortuna para a época), por uma receita específica da iguaria gelada.
De qualquer maneira, havia ainda um problema. Sorvete era só para a elite, e tinha que ser feito praticamente na mesma hora do consumo. Em 1875, veio a revolução: o alemão Carl von Linde inventou a geladeira (mais tarde os freezers seriam ainda mais úteis). Antes disso, a única máquina disponível para fabricar sorvetes, criada pela americana Nancy Johnson, era manual – mas já havia possibilitado a comercialização do produto graças a uma mistura de sal e gelo. Foi com ela, aliás, que o leiteiro Jacob Fussel, para incrementar as suas vendas, começou a produzir sorvete em grande escala e inaugurou a primeira loja do mundo, em 1851, na cidade de Baltimore.
No Brasil, uns dizem que a Bahia foi o primeiro lugar a conhecer o sorvete, trazido pelos portugueses no final do século 18. Outros consideram que sua chegada foi em 1835, com um grande carregamento de gelo que aportou no Rio de Janeiro vindo dos Estados Unidos. Como ele tinha que ser consumido na hora, as poucas sorveterias existentes no século 19 anunciavam a hora que a próxima leva ia sair. Era um corre-corre. Em grande escala, só começou a surgir em 1941, quando foi fundada a primeira fábrica, a Gato Preto.
O sorvete contribui até mesmo para a mudança do comportamento feminino. De acordo com o escritor Gilberto Freyre, ele foi a desculpa que faltava para a liberação social das mulheres, que passaram a invadir as confeitarias antes frequentadas apenas por homens. Sorvete é puro deleite.

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